Margens apertadas para soja, redução de área plantada no milho e recordes de produção para o algodão são algumas das perspectivas com base no cenário interno e global
Em 2024, produtores de soja devem aguardar preços desafiadores na gangorra entre safra verão, segunda safra é cenário internacional. A safra global deve ser de 400 milhões de toneladas do grão no ano que vem, cuja exportação de 100 milhões de toneladas deve ficar a cargo do Brasil, conforme projeções do Rabobank, divulgada nesta quinta-feira, 9.
Assim como em 2022/23, o Brasil deve manter o recorde de produtividade para a safra 2023/24 sob condições de margens apertadas. A recuperação da safra Argentina, a redução de produtividade dos Estados Unidos e a leve retração da demanda chinesa compõem o cenário. Ainda assim, segundo a analista do Rabobank, o país deve manter os patamares de exportação de soja à China, que representa 40% dos embarques brasileiros.
Em meio à safra recorde, nem só de exportação se faz o país. Assim como a projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Rabobank também estima produção de cerca de 160 milhões de toneladas. O momento é de recompor os estoques locais de soja ao final de safra 2023/24, conforme explica Marcela Marini, analista sênior de grãos e oleaginosas do banco holandês.
O Brasil deve encerrar o ano com estoque de 3 milhões de toneladas de soja, e para o ano que vem a projeção é que chegue a 8 milhões de toneladas.
Tudo vai depender do clima. Marini pondera que nos próximos três meses o foco dos produtores estará na previsão climática, sobretudo diante das alterações proporcionadas pelo El Niño. "Vale destacar que o momento que a soja mais precisa de água é no preenchimento de grãos, então as chuvas de dezembro, janeiro e fevereiro são cruciais. Por enquanto, a estimativa é de recorde de safra, principalmente pela retomada do Sul", afirma.
Receoso de ter prejuízos na relação de troca entre custos de produção e preço pago, o empresário rural esperou pela valorização da soja e o plantio está em atraso. Segundo dados da Conab, atualmente ele avançou em 48% da área plantada no país, 10% a menos em relação ao mesmo período do ano passado.
Com isso, o impacto para o milho pode ser o atraso na semeadura em janeiro e fevereiro de 2024. A análise do Rabobank é que haja redução na área plantada de milho safrinha, fomentado não apenas pela redução de preços, mas também pela margem mais favorável ao algodão, provocando a substituição nas lavouras. Para o milho, o Rabobank estima redução de 5% em relação a 2023, colhendo 127 milhões de toneladas.
A maior procura pelo etanol de milho e para ração animal, devido à competitividade das carnes, fazem com que o milho se valorize no mercado global. Enquanto aqui é esperada a redução da área plantada, nos Estados Unidos o cereal ganhou área em detrimento da soja e deve contribuir para o estoque norte-americano.
"Para o próximo ano, os preços de milho devem perder um pouco de força no mercado externo e no interno precisa esperar a janela de plantio do cereal", afirma Marcela Marini. Ela reitera que o El Niño pode reduzir ainda mais a perspectiva do milho no ambiente doméstico, por isso é preciso estar atento ao atraso do plantio da soja.
Se o milho apresenta redução de área, para o algodão a estimativa é de aumento de 8%, chegando a 1,8 milhão de hectares plantados. Este tende a ser o quinto crescimento consecutivo de área para o algodão no país, impulsionado por regiões como Mato Grosso e Bahia.
A produção, de acordo com o Rabobank, está estimada em 3,2 milhões de toneladas de pluma. Com o clima desafiador também para os Estados Unidos, o Brasil pode ultrapassar o país norte-americano na produção de plumas e se concretizar o terceiro maior produtor, atrás apenas de China e Índia.
No cenário internacional, a sobreoferta da pluma no primeiro trimestre de 2023 impactou o preço global. Na primeira metade do ano, as exportações ficaram enfraquecidas, à medida que os quatro maiores importadores da pluma brasileira - China, Vietnã, Indonésia e Bangladesh - diminuíram as compras em 45%.
"Percebemos que o desempenho macroeconômico deixou o consumo global bem vulnerável, mas depois houve uma recuperação significativa levando ao aumento mundial de 4%", afirma a analista do banco. A estimativa é que sejam consumidos 25,2 milhões de toneladas de pluma no mundo em 2024, sendo 10% atendido pelo Brasil.
fonte: EXAME AgroRod. BR 010, Km 1341 - Aeródromo Globo Aviação Agrícola
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